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O museu é o espaço do olhar; um lugar produzido continuamente para ser visto, em cada detalhe e em toda sua magnitude, da expografia à, sobretudo, às telas – quanto mais em um museu como o Metropolitan de Nova York, repleto de obras-ícones. Tuca Vieira persegue um quadro que diz gostar muito, "Vista de Toledo" (1612) de El Greco, um dos únicos em que o pintor retrata a paisagem de uma cidade, tema principal do trabalho de Tuca. Ao persegui-lo em um plano sequência fotografado a partir da câmera de um celular, Tuca faz 31 imagens do corredor da galeria. Em clima de suspense e indeterminação, chega à tela que, a partir de agora, dá nome também a um trabalho seu. No caminho, esbarra em turistas; olhares apressados, outros atentos; guias turísticos; mapas de localização; placas com o nome do patrono que patrocinou a construção da ala, entre outras imagens comuns hoje nos museus globais. O trabalho, porém, não se restringe em uma crítica mercadológica à transformação das galerias em (apenas) pontos turísticos. Há também isso; mas o que se sobressai é aquele instante em que, diante de um quadro que amamos, ou que acabamos de descobrir que nos diz algo, continuamos sentindo a potência do exercício de olhar o mundo, os espaços e as obras de arte.

(museu do louvre pau-brazyl - texto do catálogo)

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